quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Feminina

Feminina

Quisera ser, ao menos, teu brinquedo...
Qual passatempo de guri levado,
Pura alegria em fantasia insana,
Já que dos sonhos sou só arremedo.

Faz-me folguedo do adulto delírio,
Passa teu tempo a divertir-te em mim
Que enlouquecida, rastejante e nua,
Quero-te tanto e já não tenho alívio.

Submissão a ser o que quiseres,
Amante audaz ou meiga e cristalina,
Basta dizer-me quais os teus quereres.

Como entender minha alma feminina
Que faz de tudo, só para me veres,
Para em teus braços ser tua menina?

Tania Renato

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Lixo

Lixo

A mendicancia é tão vil!
reduz o homem a bicho
buscando abrigo e alimento.

Mendigar ofusca o espírito,
oblitera o pensamento,
deturpa os objetivos.

Um mendigo não tem honra
nem tem identidade,
se confunde com a paisagem.

A mendicancia rouba as forças
massacra a dignidade
e onde beleza havia
instaura-se a fealdade.

Fiz-me mendiga de ti,
julgando que me nutria
das migalhas do teu afeto.

Tua presença, um mínimo carinho,
pareciam suficientes:
único abrigo que eu via.

Fui ficando tão pequena,
com a visão tão vazia
que já não me achava direito.

Eu me diminuía,
nem me olhava, só te via.
Esqueci que nesta vida,
nada é tão definitivo.



Já não me curvo aos teus pés,
posso amar e ser altiva,
sobreviver do meu pão.

Já não tenho desespero,
nem me sinto tão faminta,
estou abrigada em mim.

Eu somente tenho pena
de jogar assim no lixo,
um amor que podia ser lindo.

Tania Renato

8/janeiro/2009